Programa Saúde na Floresta

Projeto realizado pelo CEAPS/ Projeto Saúde & Alegria em 143 comunidades ribeirinhas dos municípios de Santarém, Belterra e Aveiro, oeste do Pará - Amazônia/Brasil

terça-feira, dezembro 05, 2006

Notícias de bordo: Barco Abaré leva saúde para comunidades ribeirinhas do Tapajós



A seca que afeta o nível do rio não impede o Abaré de navegar pelo Tapajós e de levar atendimento médico de qualidade às comunidades ribeirinhas. Quem vê a enorme Unidade Móvel de Saúde do Projeto Saúde e Alegria (PSA), mal sabe que debaixo da água há apenas 80 centímetros de calado, permitindo que a embarcação encoste próximo da margem. Nas duas primeiras viagens do Abaré, realizadas em outubro e novembro em 22 comunidades da Floresta Nacional do Tapajós no município de Belterra, 1.066 pessoas receberam atendimento médico, 191 passaram pelo atendimento odontológico, 266 ribeirinhos foram vacinados e 406 exames ambulatoriais foram feitos. Até o final do ano, esse retrato de saúde aumentará, com novas saídas previstas, pontilhando novamente com saúde as margens do rio Tapajós.

Receber um tratamento de saúde humanizado, que chega na porta de casa, é novidade para Edinéia Castro de Azevedo, de 28 anos, moradora da comunidade de Maguari, que há mais de um mês precisava levar a pequena Diana, de 7 meses, ao serviço de saúde. De uma só vez, a criança foi examinada pelo médico, realizou os exames necessários e recebeu o remédio correto para sanar a enfermidade. “É uma oportunidade boa que a gente está tendo, uma melhoria, porque antes tinha que ir até Belterra. Aqui com certeza a gente será bem atendida, conta Edinéia, satisfeita. Opinião semelhante tem Joaquim Pedroso, de 60 anos, também de Maguari. Depois da consulta e a realização de exames no Abaré, ele recebeu o remédio para combater a pressão alta. “É bom que tudo é feito na hora”, afirma.

A atuação do Abaré é um verdadeiro trabalho em equipe. Além de médicos e enfermeiros, palhaços se juntam à caravana arrancando sorrisos e educando as pessoas. Profissionais da Secretaria Municipal de Saúde de Belterra já ajudaram a equipe do PSA nas campanhas de vacinação, demonstrando na prática que é possível fazer a integração da Unidade Móvel à rede pública de serviços de saúde. Nas comunidades, o funcionamento do Abaré vem fortalecendo o trabalho de organização comunitária e educação popular em saúde. Agentes comunitários realizam campanhas preventivas e fazem a triagem dos pacientes a serem atendidos. Comissões locais de saúde também mobilizam a comunidade para ficar preparada para a chegada da embarcação.

O Abaré, que na língua tupi significa “amigo cuidador”, está equipado com sala odontológica, consultórios, sala de repouso e observação, equipamentos para exames laboratoriais e preventivos completos - como pré-natal e coleta de PCCU (prevenção ao câncer do colo do útero) -, imunizações, saúde bucal, pequenas cirurgias, entre outros. Dispõe de instrumentos de comunicação e educação, com espaço para palestras e oficinas de capacitação, e tem como suporte uma ambulancha, que facilita o resgate em caso de emergência. A embarcação busca oferecer acesso aos programas de atenção básica à saúde para 2.500 famílias em mais de 7o comunidades do rio Tapajós nos municípios de Aveiro, Belterra e Santarém.

“Nestes meus 23 anos de profissão dedicados à medicina pública, nunca havia visto condições de trabalho tão boas, atendimento digno, e resolutividade a nível primário. O Abaré leva a equipe bem próxima às comunidades ribeirinhas e permite um atendimento médico e odontológico de qualidade. As facilidades dos seis computadores de bordo também permitiram o registro dos prontuários, coleta de dados laboratoriais e das patologias encontradas. Acredito estar participando da construção de um modelo de atendimento médico plenamente adaptado para essas populações isoladas”, afirma Fabio Tozzi, médico do Projeto Saúde e Alegria.